terça-feira, 1 de novembro de 2011

é a fuga ou é a bela decepção.

Como diria meu amigo Seixas, não irei justificar minha ausência, isso é para fracos. Sei que tal ação, no meu caso, não faria com que a terra parasse de girar em torno do sol e muito menos haveria uma chance de meus escritos influírem em alguém algo sublime.
Sem mais delongas, venho cá compartilhar o que vivi no dia de hoje.
Hoje, logo após uma manhã nostálgica e um pouco lúgubre, fui ao Ministério da Fazendo tratar alguns documentos. Eu não conseguia compreender o porquê de estar triste, então ignorei, pois sempre há dias que acordamos ''de mal'' com nós mesmos.
Fui andando, com a cabeça inclinada, desejando ardentemente que a fila de atendimento do MF estivesse bem pequena, para que eu pudesse ir para minha casa o mais rápido possível. Eu estava calçando uma rasteirinha, e tropecei no meio da rua. Argh! Mordi os lábios e fiquei mais triste, com uma vontade de chorar. Pensei: ''Tem algo interno me importunando. Sei que não é culpa de ninguém eu estar assim.Preciso me esvaziar.''
Cheguei ao local, peguei minha senha e pensei: Ah, não há problemas se houver grande fila. Trago comigo meu companheiro, livro, e nada como sair da rotina e lê-lo em um local diferente.
Sentei-me na cadeirinha azul anil e abri meu companheiro. Achei que fosse estar por tempo demasiado nas salas de espera, pois havia um bom número de pessoas, mas por incrível que pareça fui chamada sem demora.
Fui em direção a mesa 3, e tomei assento. Toda aquela história de mostrar que se está feliz quando se está triste estava fora de questão para mim, com certeza tudo que a funcionária queria era me atender logo e ir embora para casa dela e tomar um chá de morango; não iria ficar perguntando por que eu estava com cara de ''poucos amigos'' e nem eu teria que tentar explicar o porquê ou teria que inventar alguma coisa engraçada, que fosse convincente.
A atendente, sorridente, olhou para mim e para os meus documentos. ''Hmm, você é angolana?'', ela perguntou, curiosa. Eu respondi com a cabeça. Ela foi fazendo perguntas e eu sem a mínima vontade de responder, fui bem monossilábica. Tentou mais uma vez: Que livro é esse que estás lendo?
Pensei: ''Será que ela percebeu que estou triste? Oh,céus! Não é do meu feitio importunar os outros com meus problemas.Preciso mudar.''
À vista disso, eu contei para ela que estava lendo A elegância do ouriço. Ela quis saber mais do livro. Contei a ela que tratava-se da história de Renée, uma mulher, que por fora era considerada repugnante, como um ouriço, ignorante, e sem elegância. Entretanto, ela escondia dentro de si uma beleza que excedia, algo intrínseco, sublime, majestoso e adorável.
A atendente pegou papel e uma caneta e anotou o nome do livro, folheou o livro e disse:
''Você é tão bela, por dentro e por fora. Seu sorriso é paz!Sei que és inteligente e especial.''
Eu ri e neguei tudo que ela falou.Insisti. Não queria deixar mais um engano propositado graças ao livro. Sei que o caso de Renée é totalmente diferente ao meu. No embalo da conversa, me abri. Contei a ela que estava triste comigo mesma por algo intrínseco que me impedia de respirar perfeitamente. E olha que não se tratava de dispnéia e nem insuficiência cardíaca. Contei a ela.
Ela disse que eu deveria parar de esconder a minha beleza e sorrir. Eu disse a ela que a única beleza que eu tinha era Jesus no meu coração. (risos) Frase feita,né? E Ela logo perguntou qual seria o curso que vou prestar no vestibular.
Eu mordi os lábios e fiquei com vontade de chorar. Nossa! Eu olhei para ela e contei-lhe.
Ah, e não doeu. A paz que senti não sentia faz um bom tempo. Como se os ventos primaveris resolvessem me abraçar e beijar com uma delicadeza envolvente e sublime. Aaaah!
É difícil acreditar que sem rodeios eu a respondi. Pra quem sempre tenta dar uma escapadinha nas respostas, acho que me saí bem. Paradigmas quebrados para alguém que não quer viver a realidade em aspecto algum.
Aquele atendimento mais pareceu um encontro de amigas que resolveram sair para papear.
No final ela disse: Confie em mim. Não tenha medo de ser bela, nem por dentro e nem por fora. E compartilhe com todos a beleza da sua alma. É claro, ela vem acompanhada das verdades que constituem quem você é.

Ora pipocas! Quero muito acreditar que nessa terça-feira, isso aconteceu de verdade.
Ainda existem pessoas sublimes! Arrependo-me de não ter perguntado o nome dela.
Compartilho isso com Ocisola, pois preciso de algo para me lembrar que a pior arma que existe contra nós somos nós mesmos. E o antídoto para isso igualmente, somos nós.Antítese?
Bem, sei que não vai ser fácil. Tenho um certo medo, talvez o de ser aceita por mim mesma e consequentemente também pelos que me rodeiam.Chega de quimeras, de inverdades.
Preciso tirar da minha cuca esse corpo estranho que me impede de respirar e sorrir como eu quero. Acho que o que a atendente queria me dizer não tinha nada a ver com beleza. Até porque não tenho medo de não ser bela, fisicamente.
Não ter medo de ser bela, de ser feia, de ser pequena, de ser grande, de ser decepção, de ser você. Não ter medo de ser uma bela decepção! rs



It was a beautiful letdown.When you found me here.Yeah, for once in a rare blue moon.
I see everything clear.I'll be a beautiful letdown.That's what I'll forever be.
And though it may cost my soul
I'll sing for free

obs: ignora-se o uso hiperbólico do pronome ELA e EU.
ignora-se tudo.

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